24/03/13
Ouvem-se os ventos lá fora. Fazem uma passagem rápida e logo dizem adeus. São livres como pássaros fugitivos das tempestades. Como tu. Fugiste da tempestade que é o meu ser. Voaste para céus mais limpos e pintados de azul, e brisas mais calmas que os furacões que em mim fazem questão de pousar. Não te culpo, eu faria o mesmo. E eu caminho por entre árvores caídas com fortes vendavais que aqui passaram. Perdida. Perdida de casa e perdida de mim. Pergunto-me se voltarás, como um pássaro que volta a casa ao fim do dia. Como o vento que contraria a sua devida rota. Como um coração que não esquece. Apenas deixaste a saudade e espaço para as sombras e vazio voltarem. E eles não perderam tempo. Deixaste esperanças de uma volta que não vem e de um recomeço que não começa. E levaste o melhor de mim. Levaste-te e contigo levaste-me. E deixaste-me. Deixaste-me aqui. Aqui, na nossa casa de madeira onde outrora partilhámos o mais lindo e puro amor que um dia pude sentir. E esse, esse ainda mora aqui. Entre os livros que me lias ou entre a tua infindável colecção de canecas onde bebias o teu chá enquanto eu te sussurrava segredos do meu coração. Entre as páginas dos nossos diários e entre as almofadas que atirávamos uma à outra cada vez que discordávamos em algo. Esse, ainda mora aqui, entre palavras ditas e não ditas. E eu fico-me por amar-te. Porque é o que tu não me levaste. O amar-te. Porque o mais lindo e puro amor ainda mora aqui.
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