24/03/13

Hoje escrevo-te amor, como quem escreve poesia num coração apertado. Escrevo-te linhas de ternura em tinta de carinho, como quem precisa desesperadamente de ar. Escrevo-te com um coração magoado mas que continua teu e somente teu. Oito borboletas pousam neste papel tão riscado e reescrito como nós e dizem-me que já estás longe e que elas irão contigo. Voarão contigo numa viagem que espero fazer-te feliz. Creio que te tenha perdido no meio de todas as tempestades que criei em mim, mas tenho a certeza que embora tenhas partido continuas aqui comigo. Como sempre estiveste, como sempre estarás. Oito pássaros pousam-me nos ombros sussurrando-me  melodias de amor que me levam a ti e às nossas mais ínfimas e profundas memórias. Cantam-me harmonias que me sabem a ti e ao teu puro coração que outrora fôra meu. Ouço-as em silêncio de modo a apreciar cada ritmo seu e teu. E sei que estás comigo. Sei que estás comigo porque estás em todo o lado. Estás nas noites passadas a beber chá ou a ler um livro. Estás no véu de estrelas que vislumbro a cada noite. Estás nas manhãs em que o sol me sorri pela janela. Estás nas gotas de chuva e na sua linda melodia. Estás nas palavras que escrevo e nas músicas que ouço. Estás principalmente no amor que todos os dias transporto comigo e que sempre te pertencerá. Estás nas oito borboletas da minha alma e nos oito pássaros do meu coração. E hoje escrevo-te amor com o oito deitado que infinitamente será nosso. 
Ouvem-se os ventos lá fora. Fazem uma passagem rápida e logo dizem adeus. São livres como pássaros fugitivos das tempestades. Como tu. Fugiste da tempestade que é o meu ser. Voaste para céus mais limpos e pintados de azul, e brisas mais calmas que os furacões que em mim fazem questão de pousar. Não te culpo, eu faria o mesmo. E eu caminho por entre árvores caídas com fortes vendavais que aqui passaram. Perdida. Perdida de casa e perdida de mim. Pergunto-me se voltarás, como um pássaro que volta a casa ao fim do dia. Como o vento que contraria a sua devida rota. Como um coração que não esquece. Apenas deixaste a saudade e espaço para as sombras e vazio voltarem. E eles não perderam tempo. Deixaste esperanças de uma volta que não vem e de um recomeço que não começa. E levaste o melhor de mim. Levaste-te e contigo levaste-me. E deixaste-me. Deixaste-me aqui. Aqui, na nossa casa de madeira onde outrora partilhámos o mais lindo e puro amor que um dia pude sentir. E esse, esse ainda mora aqui. Entre os livros que me lias ou entre a tua infindável colecção de canecas onde bebias o teu chá enquanto eu te sussurrava segredos do meu coração. Entre as páginas dos nossos diários e entre as almofadas que atirávamos uma à outra cada vez que discordávamos em algo. Esse, ainda mora aqui, entre palavras ditas e não ditas. E eu fico-me por amar-te. Porque é o que tu não me levaste. O amar-te. Porque o mais lindo e puro amor ainda mora aqui.